quinta-feira, 14 de março de 2013

Brasil, o país das gambiarras.


A gambiarra, conhecido recurso brasileiro para se conseguir acesso à energia elétrica de maneira ilegal quando se puxa a fiação de postes elétricos, poderia ser eleito um dos nossos símbolos culturais. O costume de tentar tirar vantagem das situações sem ligar para as possíveis consequências tem pautado a conduta de muitos e só chamam atenção quando o resultado é desastroso demais para se ignorar, como o acontecimento na boate Kiss em Santa Maria, Rio Grande do Sul.
Uma série de condutas tomadas desrespeitando o bom senso e as normas de segurança conduziu à morte quase 250 jovens, ou seja, uma pessoa de cada três que frequentavam o local na noite do incidente morreu. A imprensa levantou uma série de irregularidades, dentre as quais a ausência de alvará da prefeitura, a superlotação no local, irregularidades na reforma da boate com utilização de material impróprio, ausência de inspeção do Corpo de Bombeiros e utilização de fogos de artifício proibido para local fechado. Todas passíveis de prevenção e resolução que evitariam tamanha catástrofe.
Diariamente, passamos por locais e situações onde normas parecidas com as desobedecidas em Santa Maria. Quanto tempo levamos para nos convencer sobre o uso do cinto de segurança nos automóveis como medida de segurança? Ou o uso de capacete pelos motociclistas? Ou a utilização de equipamentos de segurança nos locais de trabalho? Geralmente, as pessoas resistem ao seu uso por achar desconfortável ou desajeitado, abrindo mão da segurança. Daí, preferimos ignorar nossa própria vida e usar uma “gambiarra” para ajeitar a situação.
Quando frequentamos uma grande festa, uma exposição, alguém já se deu ao trabalho de perguntar se houve autorização do Corpo de Bombeiros ou da Segurança Pública? Alguém se questionou sobre a condição de armazenamento e preparação das comidas servidas na festa? Ou sobre o controle do volume do som utilizado nesses eventos para que não prejudiquem a saúde dos seus frequentadores? Acho que poucos fizeram essas perguntas.
Deveríamos acreditar que a melhor maneira de nos divertirmos é com segurança e boas condições sanitárias. Quem vive de fazer gambiarras está sob o risco permanente de levar choque, ou pior, morrer eletrocutado. Lembrem-se dos jovens de Santa Maria que não poderão questionar mais sobre a segurança de sua diversão.

Coluna por José Marcos

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